sexta-feira, 20 de julho de 2012

Obrigada - Ana Paula Lisboa


Não sou obrigada a nada, e me obrigo a não ser obrigada!
Não sou obrigada a tomar banho, pentear o cabelo, escovar os dentes.
Não sou obrigada a sair e nem a ficar.
Não sou obrigada a votar no Freixo, não sou obrigada a me especializar em alguma especialidade.
Me obrigo a escrever... mas não sou obrigada a ter certezas nem duvidas e nem a fazer da minha escrita uma coisa que faça sentido pra você.
Não sou obrigada a falar, a calar, acordar cedo ou dormir tarde. Não sou obrigada a beber, a fumar, a ler, a te amar...
Não, não me obrigue a falar de amor.
Pronto, falei. E já que falei então não sou obrigada a parar. Não me obrigue a te querer, por favor, não me obrigue a ser engraçada quando estou contigo, porque minhas piadas são péssimas. Nem me obrigue a rir das suas piadas, das confusões que você faz com a ordem dos meses do ano.
Não me obrigue a desconstruir meu discurso sobre felicidade e liberdade que a vida me obrigou a construir.
Não me obrigue a nada, porque não posso ser obrigada.

Sorriso de boba no canto da Boca - Ana Paula Lisboa


Maldito Babaloo, que não faz bem pros dentes, não faz bem pra nenhuma parte do meu corpo. Eu tentando sair da resistência para a afirmação pois o importante não é o significante mas o significado da sua língua áspera junto da minha. Da batata frita, da asa da galinha, da brama gelada. O importante sou eu te explicar como escrevo as minhas poesias, sou eu dizer da dialética do Iluminismo, de Fromm, de para, de onde caiu a tarraxa do brinco. Eu quero é ouvir Legião Urbana e ver o jogo do Botafogo toda a quarta feira, só camisa 10. Viva eu! Viva tu! Viva Barthes! Viva a barriga descoberta, viva o peito desnudo. Viva meu sorriso de boba no canto da boca...

Sofá de Couro - Ana Paula Lisboa

eu sou preguiçosa, molenga, lerda, lesada. gosto mesmo é de ficar jogada no me sofá de couro. me apaixonei por sofás de couro quando fui a casa dele: era chegar, dar boa tarde, sentar, me derreter, ouvir historias sobre as crises no relacionamento com a namorada, sobre os amigos em comum, filosofar, exclamar da falta de dinheiro, reclamar da chatice e da alegria de ser jovem em 2010. eu sempre acabava cochilando uns 10 minutos abraçada ao sofá. as vezes a gente se beijava, as vezes a gente se lembrava que era melhor não.

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