segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Água de beber - Ana Paula Lisboa

Quando eu estou nervosa eu bebo água. Nada mais me acalma e tranqüiliza. Nem chocolate, nem música clássica, nem abraçar uma árvore, nem mesmo dar berros estridentes e tão pouco quebrar todos os meus pratos.
Não. Quando eu tô nervosa eu bebo água. Encho meu copo de 500ml e respiro fundo no intervalo de cada golada.
Eu gosto da água porque a água não tem gosto, não tem cheiro e não tem cor. E a não-cor da água me acalma. E o não-cheiro da água me tranqüiliza. E o não-gosto dela me sacia.
A água não me atrai em nada e é por isso que gosto dela. Se a água tivesse cor, fosse cheirosa e gostosa eu teria problemas.
Eu ficaria com saudades dela, eu pegaria o metrô errado pra vê-la, eu pensaria em água o tempo todo mas quando a visse eu ficaria parada sem saber se bebo a água ou não.
Graças dou à Deus, que fez a água tão sem graça a ponto de eu escrever para ela.

2 comentários:

Seguidores