quarta-feira, 21 de julho de 2010

Delírio – Ana Paula Lisboa

E as borboletas?
Quem não tem cão caça com o que?
Ainda que eu quisesse que
Tudo houvesse ficado
No tivesse.
Quisera eu que a quimera fosse só sonho.
E assim já teríamos acordado.
Só tu.
Eu ia continuar sonhando.
Poderia eu pedir que me esquecesses tu?
Só tu.
Eu quero te lembrar de jamais esquecer
De contar meus nossos segredos.
Ainda que agora eu esteja gelada,
Quase morta, de mãos frias, de dedos duros,
Muda, sem poeira nos sapatos,
Sem dinheiro no bolso.
Desesperada dessa espera tua por me ouvir.

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