terça-feira, 6 de julho de 2010

Coisinhas - Ana Paula Lisboa

Há coisa que mexe fácil e
Há coisa que mexe difícil.
Para isso:
Tem colher de pau
E tem colher de sopa.
Eu sempre peço uma colher de chá.
E tem faca de manteiga.
Tem faca de pão.
E tem gente que só usa a peixeira.
E tem peixe de rio,
Tem peixe do mar.
E tem quem pesca em lago particular.
E tem o que é particular,
Tem o publico,
Que é aquilo que conto pra todo mundo.
E tem a rua,
Tem a calçada
E eu subo no palco descalça.
E tem palco que dança.
Tem palco que treme
E tem palco que encanta.
Tem encanto de hora certa e
Tem encanto inesperado.
Tem encanto que faz poesia.
Tem poesia de hora errada,
Tem poesia que vem picada e
Tem poesia que se escreve sozinha.
Tem sozinho de hora marcada,
Tem sozinho que queria ser junto
E tem sozinho bom de escuro.
Tem escuro que é de dia.
Tem escuro que queria ser claro,
E tem escuro de escrita.
Tem escrita em papel solto,
Tem escrita que é mentira,
Tem escrita que é louca.
E tem louco pra tudo.

2 comentários:

  1. esse eh incrível... uma das melhores coisas que já li.

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  2. Hum...que bom! Obrigada, as suas também são umas das melhores coisas que ja li. Mas nunca chegaremos num acordo de quem escreve melhor mesmo.

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