segunda-feira, 5 de julho de 2010

Travesseiro - Ana Paula Lisboa

Meu travesseiro já está cansado e disforme.
Ah, se meu travesseiro falasse...
E eu, farta paralítica, espero mesmo que ele continue mudo.
Um travesseiro falante seria o meu fim.
Ele falaria dos sonhos,
Das lágrimas,
Do imenso ódio,
Dos versos nunca escritos,
E pior,
Dos pensamentos impensados.
Aqueles que andam, giram, viajam e
Terminam sempre no mesmo lugar.
Aquele lugar daquela lembrança
Daquele dia que nunca aconteceu.
Por isso sempre morei em casas,
Dois andares já me bastam.
Residir em prédio me daria uma imensa vontade de voar.
E aqueles segundos breves de vôo livre,
Antes de me estatelar no chão,
Seriam perfeitos.

Um comentário:

  1. Oi!
    Não sei mais oque dizer!
    Tá tudo sempre ótimo, não é pq sou seu fã, é vc que é boa mesmo!
    Só não se esqueça de autografar o seu 1º livro, de muitos, prá mim.

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