sexta-feira, 4 de junho de 2010

Eu-Lirico (a) - Ana Paula Lisboa

Agora eu sei que não sou Ela.
Porque a que escreve não é a mesma que fala.
Porque a mão que fala não é a mesma que bate.
Eu não preciso ser Ela,
E é melhor mesmo não ser,
Ainda que assim ninguém nos entenda.
Se eu fosse Ela, não escreveria nada,
Não seria boa em nada.
É melhor ser personagem,
É mesmo bem melhor não ser eu.
Eu a inspiro,
E é por mim que Ela escreve,
Mas ao chegar ao fim da linha
Não é mais de mim que Ela fala.
Nossas brigas diárias,
Nossa pancadaria frenética
E a paz é o pior que podemos ter.
Onde há briga há a alegria.
Quando há briga há poesia.

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