sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Musa - Ana Paula Lisboa

Musas são aquelas a quem se
Deseja mais que o respirar.

Musa é a aparição viva da
Perfeição, da lindeza, da formosura,
Do caráter e da postura.

Musas são alvas,
Biondas de olhos verde-mar.

Musas são Helenas,
Penélopes, Emanuelles, Gabrielas.
Meu nome não se compara ao delas.

Mas se um dia a suspirar resolvo escrever,
Serei musa então,
Musa minha da imperfeição.

A Roda - Ana Paula Lisboa

No inicio tudo era a roda e
A roda só girava.
No meio era a roda que andava.
No fim a roda falava alto e xingava.

A roda já bêbada,
Mas ainda assim dançava.
A roda já exausta,
Mas ainda assim tocava.

A roda suava sem e roupa no frio
De sorriso aberto a estranhos bem conhecidos.

A roda que clareava a noite e que
Raiou o dia.

A roda que faz dos Pretos, pretos.
E dos Brancos, quase pretos,
Mais Pretos ainda.

A roda me girou, porque noite assim
Não se perde, não se bebe de graça.
A roda gigante me engoliu de prazer
De tanto cantar...
Tô nos braços de mamãe,
Vai dizer ao meu amor que eu não vou pra casa agora.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vão - Ana Paula Lisboa

Oh Deus, e quantas mulheres escritoras eu conheço?
E quantas escritoras, mulheres, negras eu li, oh Deus?

Mas quem sabe me comprem pelo nome.

Pensando em ser talvez, e me esperançosa me vejo,
Uma parenta distante do Fernando,
Ou uma amiga íntima do Zé.

Eu posso mentir.
A verossimilhança me respalda,
Eu posso inventar.

Grande nega pretensiosa é o que sou!

Não comprarão,
Não lerão,
Nem uma critica sequer escreverão.

Permanecerei inerte na prateleira escondida,
Espremida entre outros tantos,
Aquele livro negro e magricela.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Candeeiro de um bico só - Ana Paula Lisboa

Eu tenho dois
Amores,
Que são mui
Diferentes.
Um quase sempre me deixa
Triste,
O outro é raro me deixar
Contente.

E nós, juntos na mesma
Cama,
Ouvimos os julgamentos dos
Normais.
“És mesmo uma louca
Ana”
Somos todos loucos
Demais.

Os simples passeios são
Complexos,
Terminam sempre em
Porrada.
Um terceiro ou quarto me
Chega,
E eu mordo de
Desejada.

Mas agora planejo o
Fim,
Exausta de tanta
Confusão.
Foi num sonho que me veio,
Imaginei a morte,
Trágica:
Veneno no feijão?

O pretérito me
Condena,
Só agora reparei.
Se eu reparasse
Antes,
Não matava os que
Amei.

terça-feira, 25 de maio de 2010

733NW - Ana Paula Lisboa

Eu tento olhá-lo com os dois olhos
E ele me olha.
Eu o encaro quase de olhos fechados
E ele me encara com seu único olho
Bem aberto e luminoso.

Os pretos são os mais cobiçados por todas
E todos.
E o meu é lindo assim...

Olhando o meu amado 733NW todos os dias,
Eu percebo como cheguei ao fundo do poço,
Me banho na banheira do álcool, altamente viciada em craque
E totalmente sem noção.
Ao ponto de escrever poemas para o meu monitor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Cofre - Ana Paula Lisboa

Os meus melhores pensamentos são teus...
Teus maiores jeitos são meus.
Eu te daria tudo que me pedisse...
Eu largaria tudo se quisesses...
Eu te faria um filho...
Eu poderia te contar tudo isso
E te olhar nos olhos,
Tudo ao mesmo tempo.
Mas seria pouco.
E o desejo,na
Nossa geração, querida,
É coisa para guardar em cofre.

Especulando - Ana Paula Lisboa

Especuladora eu vejo.
Logo eu, narradora de primeira pessoa,
Aquela que não sabe nada da História,
Da historia ou da estória.
Não nasci machadiana, que pena.
Estou no meio do matiz
Entre a bondade e a maldade.
Eu só acho, penso que, vivo supondo.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Não encontrei um titulo e não quis pensar em um - Ana Paula Lisboa

Até que enfim aconteceu.
Depois de meses de uma espera incansável.
Eu cheguei a pensar que nunca chegaria,
Mas o momento chegou.
Eu vi o instante em que tudo desmoronou.
E nem doeu como eu pensei que sentiria,
Foi rápido, como sempre é.
E até que foi fácil...
Dessa vez eu ouvi em alto e bom som,
Foi bem claro aos ouvidos.
Minhas suplicas foram percebidas,
Minhas preces foram atendidas.
Foi insosso, incolor e insípido.
Foi como um balde d´água.
Mas minha mãe me educou a banhos frios,
E eu prefiro,
Até mesmo em noites geladas como essa.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Inveja - Ana Paula Lisboa

A inveja é coisa estranha.
Bate na gente do nada
Basta uma olhada e eu me vejo mordendo os lábios.
Uma vontade de gritar: Eu também quero!
Me dá aí, só um pouquinho...
Mas espere.
Eu não preciso ter inveja!
Eu escrevo!
Eu posso ter qualquer coisa, posso dizer qualquer coisa,
Posso viver qualquer coisa, em qualquer época,
Eu posso mentir, eu posso inventar, eu posso sonhar,
Eu posso amar qualquer um, eu posso ser qualquer uma!
Morra de inveja!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Consulta Médica - Ana Paula Lisboa

Uma consulta medica pelo amor de Deus!
Um cardiologista.
Um angiologista.
Um ginecologista.
Um dermatologista.
Um dentista.
Um geriatra.
Um pediatra.
Um otorrinolaringologista.
Um oftalmologista.
Um ortopedista.
Um psiquiatra.
Não necessariamente nessa ordem.
Nada de clínicos!
Quero uma consulta para cada dor,
Um medico para cada amor.
E todos homens, por favor.

- Oi, bom dia .Já tem medico para escritor?
- Sim, qual a especialidade?
- Poesia.
- A senhora tem consulta marcada?
- Claro! Marquei há 3 meses, estava lotado...
- O corredor deverá seguir,
E a terceira direita virar.
Após uma porta negra,
Uma branca irá encontrar.
Não entre na porta negra,
Pois essa é a porta errada.
A branca é a porta certa
O doutor estará na entrada.
- Obrigada.

Aprendendo a Ler - Ana Paula Lisboa

A minha boca olha, mas não sente o gosto.
O meu ouvido vê, mas não ouve.
Os meus olhos sentem, mas não vêm.
O meu corpo ouve, mas não sente nada.

A minha poesia é assim tão Ana-Crônica?
Dicotômica? Bomba atômica?
Eu sinto o gosto pelo ouvido,
Ouço mas não degusto nada.

Ando lendo uns textos novos.
Novos só para mim por que todo mundo
Já conhece.
Novas histórias, novas cores, novos sons, novos sabores.

Os antigos eu leio, leio, leio, releio, desleio e torno a reler.
Mas não ouço nada!
É um texto sem voz,
De um autor mudo e analfabeto.
Cheio de verdades falsificadas.
E que não me inspira mais.

Pura burrice minha!
Sempre matava as aulas de interpretação de texto.
Ai, se eu soubesse que elas serviram para entender tanta coisa no mundo...
São os meus olhos que não aprenderam a escutar.
Ou os meus ouvidos cegos?
A minha boca sentiu o gosto uma vez, mas foi só uma.
E o meu corpo sentiu o tato uma vez, não, foram duas.
E depois disso eu não deixei mais de ter vontade.
Eu queria mais, mas o mais me foi negado.
- Sentir muito faz mal menina!
Ou
- Esse negocio de ter sentimento não é para você!
Ou ainda
- Quem mandou você sentir isso? Que coisa feia!

Tomada - Ana Paula Lisboa

Eu tomo.
Eu tomaria.
Tomara.
Tomada.
Nem lembro a primeira vez que tomei.
Acho que foi no parto, quando
Tomei a decisão de sair.
Minha primeira cisão foi a de separação.
Depois daí foi cisão atrás de cisão.
Corte atrás de corte.
E eu tinha que tomar e continuo tomando.
E decidi sair e decidi ficar.
Decidi ficar mas não decidi andar.
Ando andando sem rumo.
Tomo caminhos tortos.
Tomo as coisas dos outros.
Tomo satisfações.
Me tomo de emoções.
Tomo ônibus.
Tomo meu lugar.
Tomo remédio.
Tomo ares.
Tomo uns tapas na cara.
Tomo um copo d`água.
Tomo sustos.
Tomo no colo.
Só não tomo decisão.

vá - Ana Paula Lisboa

vá.
vá embora mesmo,
vá caçar teu rumo,
mulher sem razão.
mulher que não vale o prato que lava.
e tu não vai por que queres não, eu estou te mandando embora.
eu é que não te quero mais aqui.
é, sou eu!
eu que não te quero mais.
pode ir.
volte de onde veio, pelo mesmo caminho.
ainda está aqui?
corra, corra...
leve seus trapos.
tudo o que trouxe.
não, esse vestido fica,
fui eu que paguei.
tu só vai levar o que trouxe.
nada.
apenas seu corpo sem dono

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A hora - Ana Paula Lisboa

Um frio na barriga.
Um arrepio na espinha.
As mãos que tremem.
O coração que acelera.
E eu estou esperando...

Agora é hora?
Não.

E agora?
Não.

E agora já é?
Ainda não.

Agora é, né?
Já disse que não!

Quando for a hora eu
Quero ser a primeira a saber.
Pode me ligar, mesmo se já
For madrugada.
A madrugada é a melhor hora!

- Ana, é agora!

- Ah, agora deixa, eu não quero mais...

Quadrilhas - Ana Paula Lisboa

Segunda fomos ao cinema.
Na terça dançamos num bar.
Na quarta ficamos e casa,
Na quinta eu só quis te beijar.

Sexta assistimos ao circo,
No sábado eu não lembro o que fez.
Mas lembro-me que no domingo,
Saímos juntos outra vez.

Segunda, quarta e até domingo,
Que é o dia do Senhor,
Eu continuo sonhando,
Me faça acordar, por favor.

Terça, quinta e sábado,
A sexta não posso esquecer,
Todos os dias sem falta,
Eu durmo só pra te ver.

Passei as noites contigo,
Todos os dias da semana,
Mas eu só estava dormindo,
Sonhando e sozinha na cama.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estiada - Ana Paula Lisboa

Uma estiagem longa acontece em minha cidade.
Há tempos não chove.
As plantas secaram...
O Rio parou de correr...
Caminha lentamente como um velho.
De vez em quando nubla
Nuvens negras e carregadas.
No inicio quando eu as via meu
Coração se enchia de esperança.
Eu voltava a ser menino que espera
O fim de semana chegar.
Mas eu cansei de esperar,
Nunca acontece nada,
Nunca chove!
O tempo me deixou mais seca que o solo.
Sempre ele!
Amarraram-me as mãos e os pés.
Ataram-me uma pedra no pescoço.
Mas não havia Rio profundo o suficiente
Para me atirar.
A minha tristeza é a do pescador que
Vê o seu ganha-pão morrer e nada pode fazer.
A minha tristeza é a das crianças que em outrora
Comiam fruta do pé e agora não tem arvore pra subir

Janelas - Ana Paula Lisboa

As minhas janelas estão abertas.
Vem, pode vir!
Vem olhar a banda passar comigo.
Vem ver o que há de bom para se olhar.
Mas o olhar é só para quem quer ver.
Os vidros estão meio embaçados,
Empoeirados pelo tempo.
Sempre ele!
Nada que uma pedra de sabão
E uns panos úmidos não resolvam.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

ANTI (minha) EVASÃO - Ana Paula Lisboa

Eu também não vou.
Pedirei contigo,
Suplicarei junto
E chorarei muito mais que tudo.

“Não vou para Pasárgada!”

Me jogarei ao chão também,
Mas como criança birrenta
Vou bater os pés bem forte.

Tenho uma faca em punho
E a Palavra escrita no pulso.

Vou ficar aqui!
“Não vou para Pasárgada!”

Eu posso passar ferias,
Talvez uma breve temporada.
Mas meu lugar é aqui.

Não é por opção,
é por escolha.
Eu escolhi ficar!
Aqui é o quartel da resistencia.

Berrarei.
Gritarei.
Matar será a menor das coisas que farei.

Eu estou cansada sim...mas
Os que estão comigo não me
Deixam abandonar a luta armada.

Já perdi uma perna nessa guerra.
Ganhei um tiro no coração.
Fui torturada, marcada a fogo
E a ferro como gado.
Mas eles erraram ao me deixarem
Os braços intactos e não me mataram a
Imensa fome de escrever.

“Não vou para Pasárgada!”


Versos inspirados no poema “Anti- Evasão” de Ovídio Martins

terça-feira, 11 de maio de 2010

Velhaco - Ana Paula Lisboa

Velho.
Velhaco.
De sempre piadista de sempre,
E velho.
Reclamão e bem chato.
Mas eu gosto.
Vai ver acostumei.
Acostumei com a cor,
Com o cheiro,
Com o cabelo.
A gente sempre se acostuma,
E eu sempre me acostumo rápido.
Dormir de madrugada,
Beber caipirinha, escrever poemas em mesa de bar...
São coisas que me acostumo rápido.
Velho, velhaco, chato, mas sóbrio.
Que pena!


RJ, 21/04/10

Um miado - Ana Paula Lisboa

Os gatos são mesmo uns loucos.
Eles brincam sozinhos
No maior divertimento do mundo.
Fazem acrobacias sem ninguém ensinar.
Te olham torto, te olham meigo...
E amam até quem não os ama.
Sobem em cima da cama
Sem que ninguém convide!
Mordem as coisinhas e tem
O rabo arrepiado.
E fazem tudo isso só para
Agradarem seus donos.
Os gatos quase sorriem...
Ah, e eles miam também!

Segredo - Ana Paula Lisboa

Hoje já não me importa mais o tamanho
Da Felicidade.
Não me importa se a felicidade é
Passageira ou se ela vai
Durar para sempre.
Eu não pensei que fosse tão fácil!
Hoje eu estou feliz e foi por tão pouco.
Eu só me lembro de ter comprado um livro novo,
De ter ouvido minhas musicas favoritas,
De ter gargalhado com meus amigos,
De ter beijado minha mãe e
De ter feito um almoço pro meu amor.

Eu posso fechar os olhos e acordar com
Você do lado depois de uma bela noite.
Eu posso sonhar com o que eu quiser,
Eu posso escolher o que viver,
Eu posso optar por quem eu quero ser hoje.
Eu posso viver qualquer coisa,
Eu posso escrever qualquer coisa.
Mas não posso divulgar...
Eu posso ter ciúmes,
Eu posso sentir qualquer coisa,
Ninguém tem nada a ver com isso.
Até posso sentir Felicidade.
Mas não posso divulgar...
Tem muito invejoso por aí!

É melhor assim.
O segredo faz meu coração bater
Mais rápido, me deixa na boca
Um gosto de...
Ah, vocês sabem...
Quem não tem segredos para contar
E para guardar?
Eu adoro me sentir um baú
Cheio de tesouros.
O meu maior tesouro é essa
Felicidade segredada com poucos,
Compartilhada com todos que me lêem
E entendida pelos poucos que me conhecem.

Isto - Ana Paula Lisboa

Isto não é uma poesia.
É só um conjunto de palavras
Que terminam antes do fim da linha.
É bem verdade que nunca escrevi poesia.
E é ainda mais verdadeira a afirmação de que
Nunca escrevi nada.
Pelo menos nada que preste.

E vou continuar assim!
Parada.
Sem escrever...

Mentira!

Hoje escrevi quatro, só não sei
Se posso chamá-los literários.
Com certeza não.
E só estou escrevendo agora para escrever que não gostei de escrever.
Tudo ruim, sem jeito, sem ritmo, sem som, sem nada.

Chega de escrever coisas doidas, coisas de gente maluca, de pessoas desequilibradas.
A partir de agora só vou escrever coisa bonita, fácil, simples e perfeita.
Vou parar de escrever doideira.
Parei com poesias fora da Norma!

Agora vou me encher de assonâncias...
Aliterações...
Rimas trovadorescas...
E só vou falar em português arcaico,
Aquele que apenas a Rainha Louca entenderia.
A estilística passará a enriquecer minhas palavras.

Sonho - Ana Paula Lisboa

Hoje sonhei e
Isso não é novidade.
Na quimera a gente dançava...
E havia beijos e alegria.
Como se isso fosse novidade.
Mas a gente descordava,
Brigava, eu me revoltava
E eu corria mundo a fora.
Saia correndo de um bar
E entrava em uma farmácia
Para comprar um Dorflex.
Isso também não é novidade.
Incontida como sempre eu te ligava
Para contar que estava nevando,
E isso sim era novidade, pois
Eu nunca vi a neve.
Nem em sonho...
Então eu lembrava que não
Estava falando com você
E desligava o telefone na sua cara.
É novidade eu ser mal educada.
E me apareciam monstros na sala
De casa.
Uma casa que só era minha
No sonho.
Negros e famintos!
Vampiros é claro, meus maiores
Amores.
É novidade eles serem do mal
nos meus sonhos.
Eu conseguia matar um deles,
Cinematograficamente,
Com a ajuda de uma garota
Que apareceu no sonho eu sei
Lá por que.
Mas um deles continuava vivo
E nos perseguia pela rua.
Não é novidade eu sentir frio na
Espinha.
E depois de muito correr ele
Nos encurralava em um beco,
E quando eu achava que tudo
Já estava perdido...
Eu acordei...
Acordei achando que tudo isso é
um sonho.
Quanto tempo durou?
Os sonhos são infinitos!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Domingo - Ana Paula Lisboa

Ontem aconteceu
E eu não pude fazer nada.
Não pude falar nada.
Foi do nada.
Havia tempo não acontecia.
Havia tempo não era tão forte.
E foi inesperado.
O dia foi comum,
Como todos os outros domingos.
E eu acordei pensando
Que tudo estava bem,
Ninguém me avisou.
Eu até cantei pela manhã...
Estava tudo certo,
Pelo menos era o que eu pensava.
Foi à noite.
Veio rápido e sorrateiro.
Eu tive vontade de gritar,
Mas já era tarde, e eu não
Queria incomodar ninguém.
Veio também a vontade de
Sair correndo, mas era tarde,
E eu não queria me incomodar.
E se eu ligasse?
Não.
Amanhã é segunda, as pessoas
Dormem cedo.
Ainda assim eu liguei,
Mas ninguém atendeu...
Já é tarde!
Eu voltei pra cama e foi aí
Que tudo aconteceu de verdade.
Eu- tive- medo-eu chorei- de- medo-
De- pavor- eu- temi- muito- eu- quis-
Sumir- cortar- os- pulsos- me-
Afogar- no- chuveiro- pegar- chuva-
Pra- ter- pneumonia- deixar- um- cão-
Com- raiva- me- morder- comprar-
Uma- aranha- venenosa- enfiar- os-
Dedos- na- tomada- ligar- o gás- do-
Forno- e – enfiar- a- cabeça- viajar-
Ilegal- para- os- EUA- comer- mocotó-
Com- feijoada- junto- com- buchada-
De- bode- elogiar- o – W- Bush-
No- Afeganistão- mediar- a- paz-
No- Oriente- Médio- subir- o morro-
Dos- macacos- de- vermelho.
UFA!!!
Mas agora já está tudo bem...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Monólogo - Ana Paula Lisboa

Que Fé é essa de que tanto falas?
Que Amor é esse que tanto indagas?
Que sentimentos sublimes são esses que tanto persegues,
Não somente tu, mas toda a Humanidade?
Pessimista estou, não sou, ,mas estou!

Me fale mais sobre as flores...
Elas cheiram bem?
Que gosto tem?
Você as tocou?

A minha Fé foi abalada,
E não por tua causa,
Quase extirpada, escassa.
Mas eu ainda me lembro.
Eu ainda estou aqui e Ele sempre está lá.
Lá não, aqui.

Perdão requer arrependimento e
Eu ainda não me arrependo.
Ainda.
Ele sabe de tudo mesmo,
De tudo o que se passa.
E só por lembrar disso a
Minha Fé não se acaba.

Poderão um dia viver em
União almas distintas?
Católicos e Protestantes?
Negros e Brancos?
Injustos e Justos?

Eu vivo junto dos poucos
Que me são iguais.
Contudo os diferentes me encantam,
Me apaixonam e me chamam
Para morar com eles.

E aí eu fico assim...
Um pé lá e outro cá...
Que nem biscoito meio a meio.
Recheada de Desejos e de Memórias.
Com os pés nas nuvens,
E a cabeça presa ao chão!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Construindo - Ana Paula Lisboa

Elas não me deixam ter paz.
As Palavras não param de chegar.
De olhos fechados ou abertos.
Dormindo ou sonâmbula.
Em pé e também sentada.
Na aula ou tomando banho.
Elas vêm. De todos os lados.
Por todos os lábios.
E falam alto, bem aqui dentro.
Estão conectadas diretamente a minha
Mão direita, Palavra.
Procura a caneta e o papel com
Uma rapidez espantosa.
E ai de mim se eles não estiverem por perto!
Elas se revoltam, gritam cada
Vez mais alto, e
Não param até que seu desejo
Seja satisfeito.
E eu as fico admirando,
Babando pela coreografia no papel,
Contemporânea.
De vez em quando uma ou outra se destaca.
Eu dou lugar e ela faz um solo.
Vira a primeira bailarina.
Minhas palavras não sabem cantar.
Eu invejo quem sabe fazer palavra
Virar musica.
Mas elas dançam bonito, não
Me deixam envergonhada.
Eu amo minhas palavras, apesar de odiá-las.

Cômico - Ana Paula Lisboa

Você tá falando de mim?
Tu tá falando comigo?
Se tá então me avisa por que eu tô confusa.
Eu falo.
Você responde?
Que antonímia é essa?
Põem um sinal,
Desenha uma estrelinha
Quando for minha vez de ouvir.
Eu tô confusa.
Já sou morosa e isso só piora.
Eu devo responder agora?
Você quer que eu cale a boca?
Quer que eu escreva seu nome no verso?
Algo que rime com Aves?
Algo que rime com Bobo?
Ou algo que rime com Som?
Peraí.
Se o problema é esse tu pode escrever o meu.
Eu não ligo não.
Mas só tente arrumar uma rima bonita pra mim.
Ou põem as inicias:
A P L.
Amor Platônico Liberalista.
Tô zoando...
(risadas)
Eu sei que tu não tá falando comigo.
Né?
Deve tá falando com alguma loira por aí.
Eu não queria mesmo...
(beicinho e balançar de ombros típicos de criança ciumenta)
Valeu a brincadeira.
Inté terça feira!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Que maravilha! - Ana Paula Lisboa

Que maravilha!
Agora eu sei por que a lua está tão grande,
É para disfarçar a noite sem igual.

Agora eu vejo as noites de forma diferente.
Agora eu olho o futuro como o meu presente.

Agora eu sei por que escrevo.
Para ser feliz.
Agora eu sei por que me apaixono.
Para escrever.

Agora eu sou doida pela noite.
E a noite ninguém pode me roubar.
A noite é minha...
Já me levaram o Sol. Já basta!

Thank you for the oppen door.
Obrigada por que não sou mais só.

Agora eu posso dormir sossegada.
Agora eu posso dormir descansada.
Por que o amanhã é bom!

As borboletas ainda estão aqui,
E vão continuar para sempre.
Eu continuo sonhando contigo,
Mas agora é diferente.

Que maravilha!

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