quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vão - Ana Paula Lisboa

Oh Deus, e quantas mulheres escritoras eu conheço?
E quantas escritoras, mulheres, negras eu li, oh Deus?

Mas quem sabe me comprem pelo nome.

Pensando em ser talvez, e me esperançosa me vejo,
Uma parenta distante do Fernando,
Ou uma amiga íntima do Zé.

Eu posso mentir.
A verossimilhança me respalda,
Eu posso inventar.

Grande nega pretensiosa é o que sou!

Não comprarão,
Não lerão,
Nem uma critica sequer escreverão.

Permanecerei inerte na prateleira escondida,
Espremida entre outros tantos,
Aquele livro negro e magricela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores