segunda-feira, 26 de abril de 2010

Muito Falada - Ana Paula Lisboa

Eu falo demais.
Só falo o que não devo,
O que não presta,
O que não seve.
E falo coisas sinistras
Até sem abrir a boca.
É só me olhar e a pessoa
Logo vê que não penso
Coisas boas.
E quando abro a boca
Só me comprometo.
Só sai coisa sem valor,
Tolice, sem jeito.
Minha fala é sem modos,
Desagradável, patética.
Desmate, sinistra,
Bestice e sem ética.
Cortarei fora a língua,
Que é a língua que me condena.
Vou costurar os lábios
Com linha de aço e sem pena.
Com a língua farei sopa,
Que tudo nessa vida
Se aproveita.
Uma sopa dislexa,
Insossa, que ninguém aceita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores